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Funcionalidade dos utentes internados no domicílio em equipas de cuidados continuados integrados, ECCI : intervenção do enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação

Autor: Duarte José Draque Marvanejo

Enquadramento: O aumento do número de pessoas idosas, e muito idosas e a
necessidade de cuidar do utente no domicílio potenciou novas necessidades de
organização no contexto dos cuidados de saúde primários. Por conseguinte, surgiram as
Equipas de Cuidados Continuados Integrados, englobadas na Rede Nacional de
Cuidados Continuados Integrados, que visam a prestação de cuidados numa perspetiva
de reabilitação e/ou satisfação de necessidades à pessoa dependente, bem como a
participação e responsabilização da família na prestação de cuidados domiciliários Objetivos: Identificar e comparar a funcionalidade apresentada pelos utentes internados
no domicílio nas ECCI (com e sem Enfermeiros de reabilitação) e analisar associações
entre variáveis sociodemográficas, clínicas e de contexto e a funcionalidade dos Utentes. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo do tipo não experimental, de carácter transversal comparativo e correlacional inserido no paradigma das metodologias quantitativas. Foi realizado numa amostra não probabilística por conveniência, constituída por 60 utentes (33 no grupo Controlo sem visita domiciliária do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação e 27 no grupo experimental com visita domiciliária do enfermeiro reabilitação) internados no domicílio nos lugares de ECCI de 01 janeiro de 2015 a 31 agosto 2016. O instrumento de colheita de dados integra 4 secções de caracterização: sócio demográfica, clínica, de contexto e a Tabela Nacional da Funcionalidade (Direção Geral de Saúde, 2014). Resultados: Constatou-se que 56,7% da amostra global tem funcionalidade muito reduzida, 26,7% tem funcionalidade ausente, 15% funcionalidade reduzida e nenhum utente tem funcionalidade total. A análise por grupo mostra que os níveis de funcionalidade no grupo experimental (OM=29,94) são superiores ao grupo controlo (OM=30,95). Verificámos ainda que no grupo experimental, os utentes da zona residencial urbana (p=0,05) e os que têm 3 visitas domiciliárias semanais de EEER (p=0,046) têm uma funcionalidade superior. No grupo controlo, os utentes que não sabem ler nem escrever (p=0,004), que estiveram internados nos últimos 6 meses na RNCCI (p=0,011) e que têm um Cuidador Informal (p=0,044) apresentam uma funcionalidade reduzida. Conclusão: As evidências encontradas neste estudo indicam que a funcionalidade destes utentes é bastante reduzida e por isso o desafio que se coloca ao EEER, em ECCI, é cuidar do utente e do seu cuidador com vista a assegurar a manutenção da funcionalidade. Deste modo, a continuação da prestação de cuidados no domicílio, sem interrupção e numa perspetiva integrada, apresenta-se como uma pedra angular que permite o estabelecimento de um programa de reabilitação estruturado e focado no utente e na sua família. Este é o paradigma que emerge atualmente nos cuidados de saúde primários e aplicá-lo é um dever dos profissionais e das instituições.

http://hdl.handle.net/10400.19/4507